“Ao longo da vida, desde que nascemos, vamos sendo apresentados e iniciados às várias esferas de conhecimento e prática humanas, sempre incentivados a interagir com a realidade a partir do movimento – do corpo em movimento, da inteligência em movimento. Vamos nos especializando em estratégias de interação.

Passamos a vida acreditando que a nossa maior inteligência é a capacidade de tomar as coisas, analisá-las e dar boas respostas e encaminhamentos a elas. Nossa cultura inteira é feita disso! Mas entre as práticas humanas há uma especialmente extraordinária, e raramente apresentada, que é a Vida Contemplativa. Ela nos oferece uma perspectiva revolucionária e radical do que é a realidade e de como a nossa existência se dá dentro dela.

A vida contemplativa inclui a consciência e o mundo interno como parte da realidade experimentada. Desaparece aqui a noção de um mundo separado, de alguém que age sobre uma realidade externa ou é atingido por ela. Ambos coexistem e interferem um no outro constantemente. Descobrir isso muda radicalmente o sentido de nossas vidas.

O principal exercício da vida contemplativa é a observação silenciosa. Diferente das outras esferas de conhecimento humano, aqui não interferimos na realidade para investigá-la, mas nos colocamos totalmente abertos, silenciosos e presentes, como uma testemunha da realidade para que ela mesma se mostre como é. E é aqui que começa a nossa aventura!”